RESUMO
Nessa pesquisa analisamos aspectos ontológicos da alimentação na formação humana, no intuito de
compreendermos o princípio da degenerescência do ser social e sua alimentação na tecitura do capital
em sua crise estrutural. Desta feita, objetivamos investigar a alimentação na reprodução social capturando
os fundamentos da ordem sociometabólica do capital. Sob um caráter teórico e bibliográfico, a
pesquisa repousa sobre os fundamentos ontológicos marxianos e busca, nesta esteira, compreender a
atual alienação humana na alimentação e realizar uma leitura crítica do pensamento teórico da Organi -
zação das Nações Unidas para a alimentação. Desta feita, dividimos a dissertação em três capítulos,
delimitando no primeiro, a gênese da alimentação, bem como os traços de continuidade e as ruptura
entre a totalidade natural e social. Na primeira secção deste capítulo analisamos as características capitais
dos padrões de produção do conhecimento, que fundamentam a ciência nas concepções de mundo
greco-medieval, moderno e marxiano. Com isto, delimitamos o onto-método marxiano, para uma
apropriação do conhecimento ao longo de nossas investigações, considerando a totalidade do ser social
na atividade vital consciente fundada pelo trabalho, e a origem da alimentação deste ser, em uma
cozinha primitiva. No segundo capítulo, com os estudos paleoantropológicos do povos neolíticos précerâmico,
analisamos que tal cozinha contribuiu para alimentar a transformação material do meio, culminando
na causal sedentarização das comunidades primitivas e na domesticação da natureza. Constatamos
sob o contexto da Revolução Neolítica, que alguns indivíduos deparam-se, em meio a escassez,
com um excedente, possibilitando uma sedentarização e domesticação em um contexto culminando no
trabalho agrícola. Neste cenário, surgem as possibilidades e necessidades de um progressivo desenvolvimento
das relações de competição prevalecendo sobre as de cooperação, e com isto, surge a propriedade
privada, o patriarcalismo e o Estado, como estruturas sociais organizadas para a manutenção da
alienação do trabalho. Analisamos, no ultimo capítulo, o contexto pós-Revolução Industrial, no qual o
excedente produzido de alimentos, supera a carência, contudo as relações sociais se mantêm pautadas
pela luta de classes, fato que impossibilita a alimentação da humanidade, principalmente da classe trabalhadora.
Vimos que este malogro se agrava com o contexto da crise estrutural do capital, no qual,
além da fome, outros doenças são determinadas pela alienação do trabalho na denominada Revolução
Verde. Destarte, assinalamos que os organismos governamentais, elaboram políticas e ações, como
Desafio Fome Zero da ONU, respaldados na política da Educação Para Todos. Assim, na tônica da diversidade
cultural e ambiental, da agricultura familiar, e da educação como balizadores de um caminho
salvador da humanidade contra as mazelas sociais, intencionando uma formação humana destinada
à boa vontade individualista para tentar enfrentar a lógica da incontrolabilidade do capital. Por fim,
coadunamos com a tradição marxiana a qual, para além da política econômica, vislumbra a emancipação
humana, possível apenas com o rompimento da lógica de exploração do homem pelo homem, e
através da luta por uma sociabilidade possível de alimentar e educar os indivíduos plenamente, por
meio da reprodução social desdobrada no trabalho livre e associado.
Palavras-Chaves: Alimentação. Formação Humana. Crise Estrutural. Ontologia Marxiana. Ciência