RESUMO
A incidência do câncer no mundo tem tido um aumento progressivo e passou a ser a
segunda maior causa de acometimento no âmbito das doenças e condições crônicas, no
Brasil. Devido a sua expansão e abrangência, o câncer tornou-se uma questão de saúde
pública. Neste cenário, ficam em evidência os sujeitos acometidos pela doença, os quais
adentram no mundo do câncer, permeado por medos, angústias, tabus e estigmas, mas
também espaço de superações e resistências, especialmente na luta pela vida e por
direitos. As pessoas com câncer têm necessidades objetivas, conquistaram direitos sociais
e estes devem ser atendidos pelas políticas sociais. Esta pesquisa teve como objetivo
compreender as trajetórias das pessoas com câncer na busca pela efetivação de seus de
direitos e luta pela vida. Constitui-se de um estudo de natureza qualitativa, com aportes
quantitativos, cuja realização compreendeu aprofundamento bibliográfico, estudo
documental da legislação pertinente com destaque para a Política Nacional de Atenção
Oncológica, Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde e Cartilha dos Direitos do Paciente
com Câncer. E pesquisa empírica, cujas técnicas de produção de dados foram observações
sistemáticas com anotações em diário de campo e entrevistas semiestruturadas
direcionadas a pessoas com câncer em tratamento no Centro Regional Integrado de
Oncologia em Fortaleza-Ceará. Para reconstrução do movimento do real nos inspiramos
no materialismo histórico-dialético marxiano, bem como em aspectos da hermenêutica
gadameriana. Entre os resultados destacam-se: as trajetórias das pessoas com câncer em
busca de direitos e na luta pela vida são perpassadas por redes, redes de atenção à saúde,
redes de solidariedade e redes de efetivação de direitos. O primeiro contato com
informações referentes a direitos vem da família e dos amigos. Há várias facilidades e
dificuldades no percurso da doença e do acesso a direitos, assim como estratégias de
superação e mecanismos de resistência. Apesar de o câncer ser uma doença permeada por
estigmas e tabus, com altos índices de incidência e mortalidade, e mesmo diante do
contexto neoliberal de golpe de desmonte de direitos, os sujeitos permanecem ativos na
luta pela vida e por direitos.
Palavras-chave: Direitos sociais. Direitos das pessoas com câncer. Redes de atenção à
saúde. Redes sociais.