Carregando ...
Visualização do Trabalho Acadêmico
Repositório Institucional - UECE
Título:
ENTRE “NOIEIROS”, “DROGUEIROS” E “ANORMAIS”: EXPERIÊNCIAS DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIVEM COM HIV/AIDS E FAZEM USO DE CRACK

Autor(es):
GÓIS, JHENNIFER DE SOUZA

Palavras Chaves:
Não informado

Ano de Publicação:
2017

Resumo:
RESUMO Viver com HIV/aids e usar crack é delineado por singularidades que ultrapassam a infecção pelo vírus HIV e o uso da droga em si. A interação entre o estigma relacionado às pessoas que vivem com HIV/Aids e àquele em torno daquelas que usam crack atribuem complexidade a esta relação e colocam esse modo de viver como um desafio para o cuidado em saúde. Definiu-se como objetivo principal deste trabalho compreender as experiências de vida das pessoas que usam crack e vivem com HIV/Aids, e como objetivos específicos: conhecer os itinerários terapêuticos destas pessoas em busca do cuidado em saúde; identificar a rede de apoio social no processo de busca por cuidado; apreender as vulnerabilidades que atravessam as experiências das pessoas que vivem com HIV/Aids e fazem uso de crack. Para tanto, este estudo adota a abordagem qualitativa hermenêutica, tendo como cenário uma comunidade em situação de vulnerabilidade social, localizada no município de Fortaleza /CE. O trabalho de campo foi desenhado por imersão em território, sendo a observação participante uma das principais técnicas para a produção dos dados. Realizaram-se entrevistas em profundidade com Maria e Davi, protagonistas deste estudo. Para a análise dos dados, utilizou-se a análise de conteúdo. A pesquisa seguiu as determinações da Resolução nº 466 do CONEP, com complementação da Resolução 510/2016 e foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará, obtendo o parecer favorável de n° 1.921.925. Como resultados, Maria e Davi trouxeram elementos importantes para pensar a dimensão coletiva da relação entre viver com HIV/Aids e usar crack. A partir deles, concluiu-se que pessoas pobres, em situação de rua, com acesso mínimo aos direitos sociais, com vínculos familiares fragilizados e/ou rompidos, não aderem à Terapia Antirretroviral e colocam o crack em posição de centralidade em suas vidas. Os determinantes sociais presentes em modos de viver similares complexificam a adesão ao tratamento para o HIV e fazem com que o uso de crack seja problemático. O padrão de consumo do crack é predominantemente intenso, mas quando o “corpo biológico” está enfraquecido, o uso é cessado, havendo um “ciclo de vulnerabilidade” nesta relação. A política de guerra às drogas produz uma “guerra” seletiva às pessoas que fazem uso de drogas ilícitas, ao mesmo tempo em que não consegue atingir o objetivo de “acabar com a droga”. As pessoas possuem uma autorrepresentação negativa das drogas, afeiçoam-na ao “mal”, principalmente
9
pelos estereótipos criados em torno do “craqueiro”, disseminados cotidianamente pela mídia. Consideram a vida deste como aquela que “não vale a pena”, restando-lhe a caridade, que acaba por se tornar seu principal meio de sobrevivência. Este estudo também ratificou que o cuidado direcionado a estas pessoas precisa ser em liberdade, no território, pois elas não chegam aos serviços formais, procuram o hospital apenas quando já estão em estado debilitado de saúde. Suas experiências de vida são indispensáveis para pensar as ações e os modos de produzir cuidado, precisando-se produzir uma ética do cuidado, fortalecedora da política de Redução de Danos. Palavras-chave: HIV/Aids. Crack. Itinerários Terapêuticos. Experiências de vida.

Abstract:
ABSTRACT Living with HIV / AIDS and using crack is delineated by singularities that go beyond HIV infection and the use of the drug itself. The interaction between stigma related to people living with HIV / AIDS and those around crack users attribute complexity to this relationship and place this way of living as a challenge for health care. In this context, the main objective was to understand the life experiences of people who use crack and live with HIV / AIDS; and as specific objectives: to know the therapeutic itineraries of these people in search of health care; identify the social support network in the process of seeking care; seize the vulnerabilities that cross the experiences of people living with HIV / AIDS and make use of crack. It is a study with a qualitative hermeneutical approach, based on a community in a situation of social vulnerability, located in the city of Fortaleza - CE. Fieldwork was designed by immersion in territory, with participant observation being one of the main techniques for data production. In-depth interviews were conducted with Maria and David, protagonists of this study. To analyze the data, we used content analysis according to Minayo's steps (2008), retranslated by Assis and Jorge (2010). The research followed the determinations of Resolution No. 466 of CONEP, with complementation of Resolution 510/2016 was submitted to the Research Ethics Committee of the State University of Ceará and obtained a favorable opinion of N ° 1,921,925. As a result, Maria and David brought important elements to thinking about the collective dimension of the relationship between living with HIV / AIDS and using crack. They are poor, street people with minimal access to social rights, with fragile and / or broken family ties, do not adhere to Antiretroviral Therapy and put crack in a central position in their lives. The social determinants present in these ways of living complicate adherence to HIV treatment and make use of crack problematic. The pattern of crack use is predominantly intense, but when the "biological body" is weakened, use is ceased. There is a "cycle of vulnerability" in this relationship. The War on Drugs policy produces a selective war on people who use illegal drugs and can not achieve the goal of "ending the drug". People have a negative self-representation, they are attached to the "evil", mainly by the stereotypes created around the "cracker", disseminated daily by the media. They are considered as lives that are "not worth it", leaving them charity and this becomes the main means of survival. This study ratified that the care of these people needs to be at liberty, in the territory, because they do
11
not arrive at the formal services, they only look for the hospital when they are already in debilitated state of health. Your life experiences of these people are indispensable for thinking about the actions and ways of producing care. It is necessary to produce an ethics of care and strengthen the Harm Reduction policy. Key-words: HIV/AIDS. Crack. Therapeutic Itineraries. Life experiences.

Tipo do Trabalho:
Dissertação

Referência:
GÓIS, JHENNIFER DE SOUZA. ENTRE “NOIEIROS”, “DROGUEIROS” E “ANORMAIS”: EXPERIÊNCIAS DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIVEM COM HIV/AIDS E FAZEM USO DE CRACK. 2017. 136 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico ou Profissional em 2017) - Universidade Estadual do Ceará, , 2017. Disponível em: Acesso em: 30 de abril de 2024

Universidade Estadual do Ceará - UECE | Departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação - DETIC
Política de Privacidade e Segurança
Build 1