RESUMO
É de amplo conhecimento que as medidas de prevenção da dengue encontramse
centradas no controle do seu vetor, sendo importante o conhecimento dos
principais criadouros e suas características. O presente estudo teve o objetivo de
analisar os fatores associados à presença de formas imaturas de Aedes aegypti,
no município de Fortaleza, 2011. A área da cidade de Fortaleza foi dividida em
quadrados de 200 x 200 metros, dos quais foram sorteados 10. No período do
estudo foram realizados cinco inquéritos entomológicos pelos agentes de
endemias do municípiocedidos e suas atividades foram supervisionadas por dois
técnicos vinculados à pesquisa. Os Depósitos foram classificados como
permanentes, os utilizados para armazenar água com volumes entre 40 e 200
litros e não permanentes com volumes inferiores a 40 litros. Para se avaliar a
susceptibilidade dos diferentes tipos de depósitos à infestação pelo Aedes
aegypti foram comparadas a distribuição de suasformas imaturas com os
diferentes tipos de depósitos através de métodos paramétricos e analises bi e
multivariadas dos depósitos permanentes. Foram acompanhados 1.326 imóveis,
a maior produção (85,02%) de formas imaturas se deu no primeiro e segundo
inquérito. Os principais recipientes existentes nestes imóveis foram os não
permanentes (92,74%). Os mais frequentes foram os pequenos depósitos, lixo,
caixas de esgoto e de água, representando 93,27%. A maioria dos recipientes,
infestados por formas imaturas, eram de recipientes de volume menor que 200
litros, não utilizados para armazenar água, localizados no exterior dos imóveis e
expostos ao sol. O tipo de depósito mais produtivofoi a classe lixo com 37,98%
das formas imaturas e 46,02% das pupas. Ainfestação em tambores foi maior
proporcionalmente do que em tanques e caixas de água entre os grandes
depósitos permanentes. Por outro lado, tanques (47,37%), caixas de água
(37,84%) produziram o maior percentual de formas imaturas de todos os
períodos, enquanto que o tambor apenas 6,77%. Observou-se que as variáveis
tipo de depósito(tambor, odds6,17,p=0,003 e tanque odds 4,64, p=0,005),
localização fora do domicílio ( odds 3,34, p=0,013), volume entre 40 e 200 litros
(odds 8,38, p<0,001) e exposição ao sol (odds 2,95, p=0,011) estavam
proporcionalmente associadas a infestação dos depósitos permanentes. O
modelo de regressãomúltipla final, as variáveis tipo de depósito (tanque odds
3,17, p=0,043), localização fora do domicílio (odds 2,67, p=0,003) e volume
menor que de 40 a 200 litros (odds 8,61, p<0,001)contribuíram de forma
significativas e independentes para ocorrência de infestação por Aedes aegypti.
Concluindo que apesar dos tambores encontrarem mais infestados em número
os tanques e caixas de água são mais produtivos. Isto é, existem características
específicas, não identificadas neste estudo os tornam mais aptos ao
desenvolvimento das formas imaturas. Além do mais, em Fortaleza, os
recipientes não usados para armazenar água ocuparam um lugar relevante na
produção de larvas e pupas de Aedes aegypti no presente estudo.
Palavras-chave: Dengue. Aedes aegypti. Ovipostura.