Hanseníase: representações sociais de pessoas acometidas sob a ótica de gênero
Autor(es):
Monte, Raquel Santos
Palavras Chaves:
Não informado
Ano de Publicação:
2011
Resumo:
A lepra, atualmente denominada hanseníase é uma doença milenar que sempre esteve
associada ao estigma. Os objetivos deste trabalho foram: apreender as representações sociais
sobre hanseníase elaboradas por seus portadores e analisar como se estruturam as
representações sociais sobre hanseníase para seus portadores e suas significações,
considerando as questões de gênero. Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, com
abordagem multimétodos, fundamentada pela Teoria das Representações Sociais. Foi
desenvolvida em Fortaleza- CE, em um Centro de Referência Macrorregional Nordeste em
Dermatologia. Participaram 100 sujeitos, divididos em dois grupos: masculino e feminino. As
técnicas utilizadas para a coleta de dados foram: Teste de Associação Livre de Palavras
(TALP), entrevista semiestruturada e observação livre. O período da coleta de dados foi de
março à maio de 2011. Os dados resultantes das entrevistas foram submetidos à análise de
conteúdo temática, tendo como base os pressupostos de Bardin. As informações coletados por
meio do TALP foram analisados pelos softwares EVOC, SIMI e AVRIL, para acesso da
estrutura da representação social. Na análise de conteúdo, emergiram cinco categorias:
concepções sobre hanseníase, percepções sobre a doença, convivendo com a hanseníase,
aspectos relacionados ao tratamento e enfrentamento da hanseníase. As representações sociais
apreendidas permitiram identificar que aspectos as mulheres representaram como “doença
nojenta”, que afasta as pessoas e gera preconceito, para si e para as demais pessoas da
sociedade. Os homens a representaram como “doença rejeição” e relataram maior
preocupação com as mudanças em suas rotinas, como o fato de não poder beber, expor-se ao
sol e adaptarem-se a uma rotina de medicação e consultas de saúde. O núcleo central foi
constituído pelas palavras cansaço, cuidado, cura, desconhecer, doença, dor, medo,
preconceito e ruim. Estas corroboraram com a análise de similitude elaborada pelo AVRIL
que na árvore máxima apresenta as palavras tratamento, mancha, cura, doença e preconceito.
Para as mulheres, a palavra principal evocada foi família. Esta no teste de similitude obteve
conexão com (a) exclusão. Para os homens, o núcleo central foi composto por família,
trabalho e tratamento, palavras que possuem relação entre si, pois, por meio do tratamento, o
portador pode manter-se trabalhando para prover a família. Concluiu-se que o modelo de
saúde e, principalmente de enfermagem, deve buscar a compreensão do cotidiano do ser
portador de hanseníase, aprendendo a lidar com as diferenças de gênero, utilizando ações
educativas e avancem em direção à humanização do cuidado por meio de ações
contextualizadas, sendo consideradas as diferenças de gênero.
Palavras-chave: Hanseníase. Representações Sociais. Gênero. Enfermagem.
Abstract:
Leprosy, now called Hansen's disease is an ancient disease that has always been associated
with stigma. The objectives of this study were to understand the social representations on
leprosy elaborated by their carriers and analyze how social representations of leprosy are
structured to their carriers and their meanings, considering gender issues. This is an
exploratory and descriptive research, with multi-method approach, based on the Theory of
Social Representations. It was carried out in Fortaleza-CE, Brazil, in a Reference Center on
Dermatology of the Northeast Macro-regional. 100 subjects participated, divided into two
groups: male and female. The techniques used for data collection were: Words Free
Association Test (WFAT), semi-structured interviews and free observation. Data collection
happened from March to May 2011. Data resulting from the interviews were submitted to
thematic content analysis, based on Bardin assumptions. The information collected through
the WFAT was analyzed by the softwares EVOC, SIMI and AVRIL, to access the structure of
social representation. In content analysis, five categories emerged: concepts on leprosy;
perceptions on the disease; living with leprosy; issues related to treatment; and coping with
leprosy. Social representations apprehended in this study allowed identifying which aspects
women represented as "disgusting disease", which puts people away and creates prejudice for
themselves and others in the society. The men represented it as a "rejection disease" and
reported greater concern about changes in their routines, such as not being able to drink,
expose to the sun and adapt to a routine of medication and health consultations. The nucleus
of the representation was formed by the words fatigue, care, healing, unaware, disease, pain,
fear, prejudice and bad. These words corroborated with the similarity analysis prepared by
AVRIL that presented in the maximum tree the words: treatment, rashes, cure, disease and
prejudice. For women, the main word mentioned was family. This was connected with
exclusion in the similarity testing. As for men, the core was composed of family, work and
treatment, words that are related to each other, because, through treatment, the carrier can
keep working to provide for his family. It was concluded that the health model, especially in
nursing, must seek to understand the daily life of leprosy patients, learning to deal with
gender differences, using transformative educational activities that advance toward the
humanization of care through actions in context, considering the gender differences.
Keywords: Leprosy. Social Representations. Gender Identity. Nursing.
Tipo do Trabalho:
Dissertação
Referência:
Monte, Raquel Santos. Hanseníase: representações sociais de pessoas acometidas sob a ótica de gênero. 2011. 99 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico ou Profissional em 2011) - Universidade Estadual do Ceará, , 2011. Disponível em: Acesso em: 29 de abril de 2024
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