Traçando mobilidades e tecendo territorialidades: o comércio de artesanato na Beira-mar de Fortaleza/CE
Autor(es):
Gonçalves, Luiz Antônio Araújo
Palavras Chaves:
Não informado
Ano de Publicação:
2009
Resumo:
Este trabalho teve como objetivo refletir sobre a relação do trabalho informal e a
cidade por meio da territorialização e mobilidade do comércio ambulante de
artesanato na avenida Beira-Mar de Fortaleza (CE). Partiu-se do entendimento da
urbanização brasileira e como as transformações decorrentes da transição do
paradigma agrário-exportador para o urbano-industrial produziu uma massa de
trabalhadores urbanos que, para subsistir nas cidades, se utilizou das atividades que
conformam o circuito inferior da economia urbana (SANTOS, 1978). O contexto da
reestruturação das relações de trabalho no Brasil, dentre outros fatores, refletiu na
expansão do comércio informal nas grandes cidades. Em Fortaleza, o excedente de
trabalhadores, que vive na periferia da cidade, bem como na sua região
metropolitana, exerceu forte pressão sobre o mercado de trabalho, contribuindo para
a ocupação de espaços públicos como praças e calçadas. Acredita-se, com efeito,
que a feira de artesanato da Beira-Mar se estabeleceu como alternativa para muitos
trabalhadores que viram na produção e comércio de artesanato um meio de
sobrevivência ante o desemprego. A pesquisa empírica teve como suporte a
aplicação de questionários na feira de artesanato, o que serviu de base na
conformação de um banco de dados primários, bem como nas entrevistas realizadas
com os vendedores ambulantes de artesanato. Os resultados da pesquisa mostram
como a expansão das atividades informais em Fortaleza marca o espaço urbano por
meio de novas territorialidades do comércio ambulante, caracterizadas por formas
precárias de trabalho e pela ocupação dos espaços públicos urbanos. O comércio
de artesanato na Beira-Mar teve início com a venda de artigos artesanais nas
calçadas dos hotéis daquela área, sendo, atualmente, marcada pela territorialização
diária (montagem/desmontagem) da feira de artesanato, assim como pelo comércio
ambulante de artesanato no calçadão da avenida Beira-Mar. Pôde-se constatar
nesta pesquisa que houve uma mudança do perfil dos feirantes nos últimos anos,
com o crescimento do número de barracas de comércio de artesanato, sem
necessariamente serem estes artesãos, além de vendedores de produtos diversos,
notadamente, confecções. Mesmo não se caracterizando como artesanato, a venda
de confecção se revelou uma estratégia utilizada pelos feirantes justamente para
garantir sua sobrevivência na feira. Por outro lado, os ambulantes estão inseridos na
área da feira, trabalham no seu entorno, estabelecendo territorialidades mediante
uma mobilidade compulsória. Para permanecerem naquele espaço, muitos
ambulantes utilizam o próprio corpo como marco de sua territorialização para vender
seus produtos diante da impossibilidade de fixação e imposição de sua mobilidade.
Considera-se, pois, que a feira de artesanato da Beira-Mar é influenciada pelas
tendências de consumo e pelo ambiente litorâneo e turístico, de modo que a
atividade artesanal, como um elemento do circuito inferior, é influenciada pelo
circuito moderno ao incorporar novas tendências do circuito superior.
Palavras-chave: Mobilidade, Território, Territorialidade, Trabalho Informal, Circuitos
da Economia Urbana, Comércio Ambulante, Artesanato.
Abstract:
Ce travail a eu comme objectif réfléchir sur la relation du travail informel et la ville,
par le moyen de la territorialisation et mobilité du commerce ambulant de l'artisanat
dans l'avenue Beira-Mar de Fortaleza (CE). On est parti de la compréhension de
l'urbanisation brésiliénne et comme les changements qui proviennent de la transition
du paradigme agraire-exportateur à l'urbain-industriel a produit un enorme contingent
de travailleurs urbains que, pour survivre dans les villes, se sont servis des activités
qui conforment le circuit inférieur de l'économie urbaine (SANTOS, 1978). Le
contexte de la restructuration des relations de travail au Brésil, entre autres facteurs,
a réfléchi dans l'expansion du commerce informel dans les grandes villes. À
Fortaleza, l’excédent de travailleurs qui vit à la banlieue de la ville, ainsi que dans sa
région métropolitaine à exercé une forte pression sur le marché de travail, en
contribuant à l'occupation des espaces publics comme places et trottoirs. On croit,
ainsi, que la foire d'artisanat de la Beira-Mar s’est établie comme alternative pour
plusieurs travailleurs qui ont vu dans la production et commerce de l'artisanat un
moyen de survie en face du chômage. La recherche empirique a eu comme soutient
l'application de questionnaires à la foire d’artisanat ce qui a servi de base à la
conformation d’une banque de données primaire autant que dans les interwves
réalisées avec les vendeurs ambulants d'artisanat. Les résultats de la recherche
nous montre comme l'expansion des activités informelles à Fortaleza marque
l'espace urbain par le moyen de nouvelles territorialités du commerce ambulant
caractérisés pour les formes précaires de travail et pour l'occupation des espaces
publics urbains. Le commerce de l'artisanat dans la Beira-Mar a commencé avec la
vente d'objets d'artisanat sur les trottoirs des hôtels situes là-bas, en étant,
aujourd’hui, marquée par la territorialisation quotidienne (montage / démontage) de
la foire d'artisanat, ainsi comme le commerce ambulant de l'artisanat dans le trottoir
de l'avenue Beira-Mar. On a pu constater dans cette recherche qu'il y a eu un
changement du profil des vendeurs de la foire dans les dernières années avec la
croissance du nombre de tentes de commerce d'artisanat sans nécessairement être
ceux-ci, au-delá des vendeurs de produits divers, notamment, vêtements de
confection. Même sans se caracteriser comme l'artisanat, la vente de vêtements de
confection s’est révélée une stratégie utilisée par les vendeurs de la foire justement
pour assurer leur survivance à la foire. D’autre côté, les ambulants sont inclus dans
l’espace de la foire, travaillent autour d’elle, en établissant territorialities face d’une
mobilité obligatoire. Pour continuer là, beaucoup d’ambulants utilisent leurs corps
comme le marque de leur territorialisation pour vendre leurs produits en face de
l'impossibilité de se fixer et d’imposition de leur mobilité. On considére, ainsi, que la
foire d’artisanat de la Beira-Mar est influencée pour les tendances de la
consommation et pour l'ambiance côtière et touristique de tette façon que l'activité
artisanale, comme un élément du circuit inférieur, est influencée pour le circuit
moderne, à l’incorporation de nouvelles tendances du circuit supérieur.
Mots-clés: Mobilité, Territoire, Territorialité, Travail Informel, Deux Circuits de
L’economie Urbaine, Commerce Ambulant, Artisanat
Tipo do Trabalho:
Dissertação
Referência:
Gonçalves, Luiz Antônio Araújo. Traçando mobilidades e tecendo territorialidades: o comércio de artesanato na Beira-mar de Fortaleza/CE. 2009. 195 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico ou Profissional em 2009) - Universidade Estadual do Ceará, , 2009. Disponível em: Acesso em: 2 de maio de 2024
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