EFEITO VASODILATADOR DAS LECTINAS DE Diocleinae Canavalia gladiata e
Canavalia brasiliensis – SABRINA RODRIGUES FONTENELE. Dissertação apresentada ao
Mestrado Acadêmico em Ciências Fisiológicas, UECE, como pré-requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre.
Lectinas são (glico)proteínas de origem não imune, que têm sido utilizadas no estudo da
inflamação, devido ao reconhecimento de resíduos de carboidratos presentes nas
membranas das células inflamatórias, através de seus domínios lectínicos. Lectinas da
subtribo Diocleinae apresentam alta similaridade estrutural. O papel da lectina de C.
brasiliensis (ConBr) na inflamação já tem sido bastante explorado, mas pouco se sabe
sobre outras lectinas pertencentes ao mesmo gênero. Neste trabalho, foram investigados
efeitos vasculares in vivo e in vitro das lectinas de Diocleinae C. brasilienses e C. gladiata
(CgL) em modelos de edema de pata e contratilidade do músculo liso vascular utilizando
ratos Wistar (150-250g). Para investigação da atividade pró-edematogênica, as lectinas
foram injetadas (0,01; 0,1 e 1 mg/kg) por via s.c. intraplantar como estímulo. Em ambos, a
participação do domínio lectínico foi avaliada pela incubação da lectina, à 37° durante 30
min., com seu açúcar ligante maltose (0,1M). Para a avaliação do aumento de
permeabilidade vascular induzido pelas lectinas de ConBr e CgL, os animais receberam as
lectinas (1mg/kg; s.c.) 30 min após a injeção de azul de Evans (25 mg/kg; e.v.), sendo
sacrificados 30 min após. A quantificação do extravasamento protéico foi feita por
espectrofotometria (A600 nm). No estudo do mecanismo da ação edematogênica das
lectinas, os animais foram tratados ½ ou 1h antes da lectina (1mg/kg; s.c.) com: L-NAME
(30mg/kg; e.v.), indometacina (5 mg/kg; s.c.), ácido niflúmico (30mg/kg; i.p.). Resultados
expressos como Média ± E.P.M. e analisados por ANOVA (p<0,05 fixado para indicar
significância estatística). In vivo, as lectinas induziram edema de pata com extravasamento
de proteína. O edema da CgL e da ConBr, significante 32h após o estímulo, envolve a
participação de prostaglandinas, canais de cloreto e óxido nítrico (NO). A associação das
lectinas com seus açúcares ligantes revertem parcialmente seus efeitos. In vitro, a CgL
promoveu relaxamento em aorta com participação de NO, prostaciclina e fator
hiperpolarizante derivado do endotélio, enquanto no efeito da ConBr participam somente
prostaciclinas e NO. A participação da prostaciclinas e fator hiperpolarizante derivado de
endotélio em respostas relaxantes de lectinas é inédita. Embora lectinas de Canavalia
apresentem similaridade estrutural, nós distinguimos diferenças na potência e nos
mecanismos da resposta inflamatória e relaxante, que poderia ser atribuída a alterações
discretas na estrutura primária das lectinas.
Palavras-chave: Lectina, Canavalia, inflamação, contratilidade, efeitos vasculares.
