Esta pesquisa teve por objetivo investigar Padrões Silábicos Emergentes (PSE) no Português
Brasileiro (PB) e averiguar quais os seus reflexos no desenvolvimento de padrões silábicos no
Inglês Língua Estrangeira (ILE). Fundamentada na visão de língua enquanto Sistema
Adaptativo Complexo (LARSEN-FREEMAN; CAMERON, 2008) e no Modelo de
Exemplares (PIERREHUMBERT, 2001), considerou-se a hipótese central de que PSE em
sílabas mediais no PB é um fenômeno emergente, que favorece o desenvolvimento de tipos
silábicos semelhantes no ILE. A pesquisa envolveu 24 informantes, divididos em dois grupos:
o grupo controle com 08 falantes monolíngues do PB, e o grupo experimental com 16
estudantes brasileiros de ILE. Foram desenvolvidos 06 experimentos, nomeados PB1, PB2,
PB3, ING1, ING2 e ING3. Os encontros consonantais heterossilábicos investigados no PB e
ILE foram _/kt/_, _/pt/_, _/ft/_ , _/dk/_, _/bd/_, _/bv/_, _/dv/_. Os contextos _CV.C_ _/ki.t/_,
_/pi.t/_, _/fi.t/_ , _/di.k/_, _/bi.d/_, _/bi.v/_, _/di.v/_ foram investigados apenas no PB. A
duração das vogais epentéticas e plenas foi observada numa análise gradiente. Os dados
apontaram 77% de PSE em encontros consonantais heterossilábicos e 28% em contextos
_CV.C_, considerando os experimentos PB1 e PB2. No ILE, o resultado foi 92% de PSE nos
experimento ING1 e ING2. Em geral, observou-se que a manifestação de PSE no PB e no ILE
é um fenômeno gradiente. Tipos silábicos desvozeados e sílabas postônicas favorecem os
PSE. Efeitos de frequência de tipo também foram observados. Diferentes níveis de PSE foram
associados a palavras específicas, comprovando a relevância da palavra como unidade de
representação fonológica. Quanto aos indivíduos, os resultados apontaram que o percurso
aquisição de PSE no PB e no ILE é peculiar a cada sujeito. O sexo dos informantes se
mostrou irrelevante na ocorrência de PSE no PB e no ILE. No tocante ao variável tempo de
exposição à língua alvo, não foram observadas diferenças significativas entre os grupos de
estudantes iniciantes e avançados. Os experimentos PB3 e ING3 apresentaram resultados
semelhantes aos experimentos anteriormente discutidos, apesar desses experimentos serem
mais próximos ao uso linguístico não-controlado. Estes resultados evidenciam que PSE em
sílabas mediais no PB é um fenômeno emergente, assim como o desenvolvimento do ILE por
estudantes brasileiros refletem os padrões sonoros encontrados no PB.