Este estudo apresenta como objeto de investigação o desenvolvimento da linguagem escrita no processo de alfabetização escolar. Trata-se de uma pesquisa teórico-bibliográfica ancorada na onto-crítica marxista, a qual toma o trabalho como categoria fundante do ser social e, sob essa determinação, o complexo da linguagem como órgão médium de sua continuidade. Fundamenta-se também na Psicologia Histórico-Cultural e suas elaborações sobre o desenvolvimento da linguagem, em especial, da linguagem escrita. A tese defendida advoga que os estudos da Ontologia do Ser Social sobre o complexo da linguagem e da Psicologia Histórico-Cultural sobre o desenvolvimento da linguagem com foco na linguagem escrita apontam significativas contribuições para o processo de alfabetização escolar. Encontramos tais contributos na relação entre os processos de desenvolvimento infantil e a instrução escolar. Abordar a alfabetização escolar à luz da Psicologia Histórico-Cultural é compreender que os signos exercem uma grande função sobre o desenvolvimento humano, esse fato altera a visão que temos sobre os processos de desenvolvimento e instrução. Destacamos que a linguagem escrita é uma prática cultural, dessa forma, é imprescindível compreendê-la como um sistema de signo determinado histórico e socialmente que se constitui num indispensável meio para o desenvolvimento e complexificação das funções psíquicas do indivíduo. Assim, a linguagem escrita revelou-se uma fonte promotora das funções psíquicas, cujo princípio está na relação entre a instrução e o desenvolvimento infantil. Por fim, concluímos que a escrita é um instrumento cultural, necessitando, assim, ser disponibilizada à apropriação pela criança, haja vista que o desenvolvimento da linguagem escrita não se origina por mera decorrência da linguagem oral e muito menos por meio dos mesmos mecanismos psicofísicos; necessita, assim, ser intencionalmente instruída à criança. Dessa forma, no processo de instrução escolar é necessário apresentar a escrita em suas formas mais elaboradas. Gerando um ambiente em que a escrita seja necessária, em que as formas de expressão, seja pelo desenho, pela pintura, pela dramatização, pelo movimento ou por qualquer uma das inúmeras formas de linguagem criadas pela humanidade e acessíveis às crianças sejam respeitadas e valorizadas. Assim, é fundamental a vivência durante o processo de alfabetização escolar de situações em que a escrita tenha significado e sentido para a criança, possibilitando que essa capacidade se torne, progressivamente, objeto de tomada de consciência e de domínio voluntário pela criança; funções essenciais para o domínio da escrita. Reside aqui o ponto chave do trabalho do professor que precisa despertar, envolver, ampliar e enriquecer as experiências das crianças e seu contato com a cultura historicamente acumulada apresentando a escrita como instrumento de aproximação com o mundo das pessoas e dos objetos socialmente criados.
Abstract:
The study investigates the development of written language during school literacy process. The theoretical-bibliographic research is supported by the Marxist onto-criticism, which takes labor as foundation of the social being and, under this determination, the language complex as a medium for its continuity. It is also based on elaborations on the development of language, especially the written one, conducted under the Historical-Cultural Psychology perspective. The dissertation claims that the Ontology of the Social Being – regarding the language complex – and the Historical-Cultural Psychology – regarding the development of language, focusing on written language – point to significant contributions to the school literacy process. Such contributions are found in the relationship between child development processes and school instruction. Approaching school literacy based on Historical-Cultural Psychology implies that signs play a great role in human development, this fact alters the view one has on the processes of development and instruction. Written language is a cultural practice; therefore, it is essential to understand it as a historically and socially determined sign system that constitutes an imperative means for the development and complexity of the individual's psychic functions. Thus, written language proved to be a source that promotes psychic functions whose principle lies in the relationship between instruction and child development. Eventually, it is concluded that writing is a cultural instrument that children need to be able to appropriate since the development of written language does not originate merely as a result of oral language, much less through the same psychophysical mechanisms. It needs indeed to be intentionally instructed. Hence, it is necessary to present writing in its most elaborate forms during school; promoting an environment in which writing is required, in which its ways of expression (whether by drawing, painting, roleplaying, movement or any of the countless forms of language created by humanity and accessible to children) are respected and valued. It is mandatory experiencing meaningful situations with writing during the school literacy process, allowing this ability to progressively become an object of awareness and voluntary mastery by the child; essential functions for domaining writing. Here lies the key point of teaching: it needs to awaken, involve, expand and enrich children's experiences and their contact with the historically cumulated culture, presenting writing as an instrument of approximation with the world of people and socially created objects.
Tipo do Trabalho:
Tese
Referência:
Feitosa, Eveline Ferreira. Linguagem, escrita e alfabetização: um estudo ancorado na Psicologia Histórico-Cultural. 2022. 184 f. Tese (Doutorado em 2022) - Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2022. Disponível em: Acesso em: 28 de abril de 2024
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