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Repositório Institucional - UECE
Título:
Enviadescer a Educação Musical: Currículos-como-experiências-escrevividas e resistências de bixaspretas cearenses ao racismo e à homofobia no ensino de música

Autor(es):
Oliveira, Wenderson Silva

Palavras Chaves:
Currículos em educação musical; Racismo; Homofobia; Educação Musical, gênero, sexualidade e raça; Bixaspretas.

Ano de Publicação:
2022

Resumo:
Esta tese apresenta um estudo sobre as operações do racismo e da homofobia nas práticas curriculares no ensino de música. A discussão do funcionamento desses sistemas de saber-poder se deu por meio das narrativas e escrevivências curriculares de bixaspretas cearenses, estudantes de Licenciaturas em Música em instituições públicas no Ceará. O objetivo aqui foi identificar as maneiras pelas quais bixaspretas professores de música resistem ao racismo e à homofobia produzindo currículos-como-experiências-escrevividas – uma junção entre as concepções do nipo-canadense Ted Aoki e a escritora brasileira Conceição Evaristo. Entendo currículos-como-experiências-escrevividas como desobediências epistêmicas à colonialidade presente no ensino de música e na Educação Musical exercida de modo heterárquico por meio da produção do dispositivo conservatorial. Essa desobediência é fruto da resistência e das redes de saberes cotidianos que são tecidas nos múltiplos encontros e histórias da vida vivida que atravessam as trajetórias formativas das bixaspretas. De modo específico, identificaram-se os modos interseccionais que o racismo e a homofobia operam no ensino de música e na produção curricular, revelando um silenciamento das Licenciaturas às discussões sobre a diversidade sexual, às questões de gênero e à urgência do debate étnico-racial. Foi possível compreender os processos de subjetivação identitário bixapreta cearense, tendo em vista que os sujeitos são de lugares diferentes do estado, do mesmo como foi possível compreender a construção e constituição das identidades musicais e de como essas identidades tangenciam currículos-como-experiências-escrevividas. Explicitaram-se as maneiras como as bixaspretas constituem trajetórias de enfrentamento às normatividades de gênero e sexualidade e também à sistema do racismo no ensino de música. Os dados apontam a necessidade do reconhecimento de currículos não são somente planos a serem executados, mas sim, experiências que escrevivem a vida vivida, sobretudo que são documentos vividos corporalmente, logo, adquirem identidades de raça, gênero e sexuais. Nesse sentido, bixaspretas tem criado ferramentas de resistência à ordem normativa por meio de vários mecanismos de alianças, afetos e amorosidades, que fraturam as normas e que também oferecem uma vida não precária. O enviadescimento dos currículos é a luta por documentos de formação docente em música que levem em consideração as multiplicidades de identidades e que recusem modelos adâmicos hegemônicos coloniais. O enviadescimento das educações musicais é a consideração de que a sala de aula é um território plural e diverso, no qual, as perspectivas LGBT+ negras são formas de interrogar perspectivas adâmicas e também propor fraturas curriculares ao sistema colonial racial, de gênero e sexualidade. Partindo das concepções intelectuais de Linn da Quebrada, a proposta de enviadescer a educação musical é evidenciar perspectivas contracoloniais, contra-hegemônicas, antirracistas e anti-LGBTfóbicas.

Abstract:
This thesis presents a study on the operations of racism and homophobia in curriculum practices in music teaching. The discussion of the functioning of these knowledge-power systems took place through the narratives and curricular writings of queer people of colour from Ceará, students of Music Degrees in public institutions in Ceará. The objective here was to identify the ways in which queer people of colour music teachers resist racism and homophobia by producing curriculum-as-lived-experiences – a junction between the conceptions of Japanese-Canadian Ted Aoki and Brazilian writer Conceição Evaristo. I understand curriculum-as-lived-experiences as epistemic disobedience to the coloniality present in music teaching and in Music Education exercised in a heterarchical way through the production of the conservatory device. This disobedience is the result of resistance and the networks of everyday knowledge that are woven in the multiple encounters and stories of life lived that cross the formative trajectories of queer people of colour. Specifically, the intersectional ways that racism and homophobia operate in music teaching and curricular production were identified, revealing a silencing of Degrees in discussions about sexual diversity, gender issues and the urgency of the ethnic-racial debate. It was possible to understand the processes of queer people of colour identity subjectivation from Ceará, considering that the subjects are from different places in the state, in the same way as it was possible to understand the construction and constitution of musical identities and how these identities touch curricula-as-written-experiences. The ways in which queer people of colour constitute trajectories of confrontation with gender and sexuality normativities and also with the system of racism in music teaching were explained. The data point to the need to recognize curriculum that are not only plans to be executed, but experiences that write the life lived, especially that they are documents lived bodily, therefore, they acquire racial, gender and sexual identities. In this sense, queer people of colour have created tools of resistance to the normative order through various mechanisms of alliances, affections and love, which fracture the norms and which also offer a non-precarious life. The queering of curriculum is the struggle for documents for teacher training in music that take into account the multiplicities of identities and that refuse colonial hegemonic Adamic models. The queering of musical education s the consideration that the classroom is a plural and diverse territory, in which black LGBT+ perspectives are ways of interrogating Adamic perspectives and also proposing curricular fractures to the racial, gender and sexuality colonial system. Starting from Linn da Quebrada’s intellectual conceptions, the proposal to queering music educations to highlight counter-colonial, counter-hegemonic, anti-racist and anti-LGBTphobic perspectives.

Tipo do Trabalho:
Tese

Referência:
Oliveira, Wenderson Silva. Enviadescer a Educação Musical: Currículos-como-experiências-escrevividas e resistências de bixaspretas cearenses ao racismo e à homofobia no ensino de música. 2022. 395 f. Tese (Doutorado em 2022) - Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2022. Disponível em: Acesso em: 27 de abril de 2024

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