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Repositório Institucional - UECE
Título:
Escolas sitiadas: gestão das desigualdades em territórios periféricos da cidade de Fortaleza (CE)

Autor(es):
Marinho, Iasmin Da Costa

Palavras Chaves:
Gestão Escolar; Políticas Públicas; Território; Desigualdade Educacional.

Ano de Publicação:
2022

Resumo:
Esta pesquisa parte da tese de que as concepções e práticas dos gestores escolares interferem no tratamento das desigualdades educacionais. Para tanto, teve como objetivo investigar como esses dirigentes lidam com as desigualdades em dois pares de escolas municipais de Fortaleza (CE), com oferta dos anos finais do ensino fundamental, situadas em bairros de alta vulnerabilidade social. Foi realizado um estudo do parque escolar do município, com a triagem de dois pares de escolas localizadas no Grande Bom Jardim e no Grande Pirambu. De modo a compreender o papel dos gestores em contextos de vulnerabilidade e pobreza, realizamos um levantamento bibliográfico acerca das desigualdades educacionais, sendo analisados artigos, livros, relatórios de pesquisa de organismos internacionais e nacionais, teses e dissertações, os quais foram produzidos no período de 2000 a 2021. A produção sobre o tema revelou distintas vertentes no campo teórico para sua compreensão e análise: desigualdade de aprendizagem, desigualdade socioespacial e desigualdade escolar. Essas aproximações resultaram na escolha das seguintes categorias de análise: políticas públicas, território e gestão escolar. Na pesquisa de campo, identificamos que, mesmo em contextos socioespaciais similares, as gestões das quatro instituições investigadas apresentaram concepções e práticas diferenciadas no tratamento das desigualdades. Identificamos: a adoção de perfis rígidos, visando à manutenção da ordem; os investimentos em ações de melhoria dos ambientes escolares e clima organizacional; as estratégias de renovação da imagem da escola; a ampliação das relações de comunicação e confiança com a comunidade. Sobre os desafios da gestão escolar nos anos finais do ensino fundamental, quatro aspectos mais citados merecem destaque: baixa participação da família na escola, indisciplina, absenteísmo docente e questões socioemocionais dos discentes. Quanto às políticas públicas, observamos que a Secretaria Municipal de Educação (SME) possui um sistema robusto de acompanhamento e monitoramento da aprendizagem nas escolas, interligado a várias políticas que são concebidas visando à melhoria dos indicadores e resultados nas avaliações externas. No entanto, para uma parcela de crianças, jovens e adultos do mesmo bairro, essas ações não são acessíveis. Para além dessas constatações, foi possível evidenciar que o território periférico de Fortaleza, compreendido como espaço político e de poder, reveste-se de complexidade hierárquica maior. O poder não está nas mãos da comunidade ou do Estado, mas daqueles que operam o medo. Os conflitos territoriais existentes nas periferias modificam o acesso às oportunidades dos equipamentos públicos a depender de onde os indivíduos moram e das facções que comandam aquele espaço. As principais constatações identificadas pela pesquisa são: 1) A escola importa, principalmente, quando está localizada em territórios pobres e vulneráveis; 2) As concepções dos gestores repercutem no tratamento das desigualdades na escola; 3) A escola não é um campo neutro; e 4) Os conflitos territoriais interferem na vida escolar e demandam novas atribuições ao trabalho dos gestores. Nessa esteira, sendo influenciados pelo contexto socioespacial onde estão localizados, as escolas, os gestores e os professores buscam alternativas para ampliar suas possibilidades de trabalho pedagógico. De um lado, procuram responder às expectativas das políticas educacionais. Por outro lado, almejam “fazer a diferença” para as comunidades por elas assistidas. Se o desafio da superação das desigualdades está posto para aqueles que formulam e implementam as políticas, cabe ao poder público fortalecer e ampliar o apoio às escolas mais vulneráveis à dominação do poder do medo.

Abstract:
This research is based on the thesis that the conceptions and practices of school managers interfere in the treatment of educational inequalities. To this end, it aimed to investigate how these leaders deal with inequalities in two pairs of municipal schools in Fortaleza (CE), offering the final years of elementary school, located in neighborhoods of high social vulnerability. A study of the municipal school system was carried out, with the selection of two pairs of schools located in Grande Bom Jardim and Grande Pirambu. In order to understand the role of managers in contexts of vulnerability and poverty, a bibliographical survey on educational inequalities was carried out, in which articles, books, research reports from international and national organizations, as well as theses and dissertations, produced in the period from 2000 to 2021, were analyzed. The production on the subject revealed different approaches in the theoretical field for its understanding and analysis: learning inequality, socio-spatial inequality, and school inequality. These approaches resulted in the choice of the following categories of analysis: public policies, territory, and school management. In the field research, it was identified that, even in similar socio-spatial contexts, the management of the four institutions investigated presented different conceptions and practices in dealing with inequalities. We identified the adoption of rigid profiles aimed at maintaining order; investments in actions to improve school environments and organizational climate; strategies to renew the school's image; and the expansion of communication and trust relationships with the community. Regarding the challenges of school management in the final years of elementary school, four aspects were mentioned most often: low family participation in school, indiscipline, teacher absenteeism, and students' socioemotional issues. As for public policies, it was observed that the Municipal Secretariat of Education (SME) has a robust system for tracking and monitoring learning in schools, interconnected with various policies that are designed to improve indicators and results in external evaluations. However, for a portion of children, youth and adults in the same neighborhood these actions are not accessible. Beyond these findings, it became evident that the peripheral territory of Fortaleza, understood as a political and power space, has a greater hierarchical complexity. Power is not in the hands of the community or the State, but of those who operate fear. The territorial conflicts existing in the peripheries r modify access to public equipment opportunities depending on where individuals live and the factions that command that space. The main findings identified by the research are: 1) School matters, especially when it is located in poor and vulnerable territories; 2) The conceptions of managers have repercussions in the treatment of inequalities in school; 3) School is not a neutral field; 4) Territorial conflicts interfere in school life and demand new attributions to the work of managers. Being influenced by the socio-spatial context where they are located, schools, their administrators and teachers seek alternatives to expand their possibilities of pedagogical work. On one hand, they try to respond to the expectations of educational policies. On the other hand, they aim to "make a difference" to the communities they assist. If the challenge of overcoming inequalities is posed to those who formulate and implement the policies, it is up to the public power to strengthen and expand the support to the schools most vulnerable to the domination of the power of fear.

Tipo do Trabalho:
Tese

Referência:
Marinho, Iasmin Da Costa. Escolas sitiadas: gestão das desigualdades em territórios periféricos da cidade de Fortaleza (CE). 2022. 357 f. Tese (Doutorado em 2022) - Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2022. Disponível em: Acesso em: 27 de abril de 2024

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