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Repositório Institucional - UECE
Título:
A persistência do estigma sobre os transtornos mentais na experiência de usuários e familiares do movimento antimanicomial

Autor(es):
Pires, Ronaldo Rodrigues

Palavras Chaves:
Estigma. Reforma Psiquiátrica. Saúde Mental. Saúde Coletiva.

Ano de Publicação:
2022

Resumo:
Os problemas enfrentados pelo campo da atenção à saúde mental vão muito além da compreensão e intervenção exclusivamente sobre a dimensão biológica do cérebro. Por estarmos situados desde a perspectiva da Saúde Coletiva, sabemos que existem fatores complexos, transpessoais, que interferem na saúde da população, na clínica e na gestão das políticas do Sistema Único de Saúde. A presença do estigma sobre pessoas com transtorno mental é um destes elementos que tem reflexos negativos para o cotidiano de usuários e familiares dado a sua repercussão para o acesso e o cuidado à saúde. Apesar de vários estudos evidenciarem estas consequências nocivas, o campo da saúde mental, sobretudo no Brasil, parece não explorar de maneira mais enfática as repercussões do processo de estigmatização, suas especificidades e efeitos para a Rede de Atenção Psicossocial. Considerando a relevância do fenômeno, esta pesquisa teve por objetivo compreender quais são os processos e condições psicossociais que contribuem para a persistência do estigma no cotidiano de pessoas com transtorno mental, e de seus familiares. Utilizou-se o referencial da pesquisa qualitativa com entrevistas semiestruturadas e análise de documentos para a construção das informações. A questão foi abordada por meio das experiências dos usuários e familiares participantes do Fórum Cearense da Luta Antimanicomial, movimento social que luta pela dignidade da atenção à saúde mental na política pública de saúde e busca combater os estigmas sobre os transtornos mentais na cidade de Fortaleza. Também foram incluídas profissionais articuladoras dos serviços de saúde mental e selecionamos alguns documentos como o Plano Municipal de Saúde e postagens das redes sociais do FCLA como elementos importantes na compreensão da situação local. O método de análise das informações foi a Hermenêutica-Dialética que guiou a interpretação dos textos nesse processo. Os resultados indicam que, na experiência dos usuários e familiares, o estigma sobre os transtornos mentais é um fator persistente, apesar dos esforços produzidos no período em que o Brasil adotou a inserção das ideias do Movimento Brasileiro de Reforma Psiquiátrica e do Movimento de Luta Antimanicomial na construção de suas políticas. A superação do estigma é conseguida, por alguns sujeitos, como fruto da produção de um cuidado ampliado, que, apesar dos atuais retrocessos e precarização dos serviços de saúde mental, instigam a consideração dos usuários como sujeitos políticos e produzem o engajamento em ações de controle social e ações culturais na militância antimanicomial. No entanto, esses esforços são ainda insuficientes indicando que, embora haja condições que propiciem o enfrentamento ao estigma, há a necessidade da ampliação de ações e políticas que façam enfrentamentos diretos ao problema da estigmatização. O incentivo à ampliação e criação de mais Centros de Convivência, promovendo o contato dos usuários da rede de saúde mental por meio da arte e da cultura, a retomada de investimentos na Supervisão Clínico-institucional na qualificação do cuidado, são algumas ações concretas que podem colaborar na transformação desse cenário. Palavras-chave: Estigma. Reforma Psiquiátrica. Saúde Mental. Saúde Coletiva.

Abstract:
The problems faced by the field of mental health care go far beyond understanding and intervening exclusively on the biological dimension of the brain. As we are located from the perspective of Public Health, we know that there are complex, transpersonal factors that interfere in the population's health, in the clinic and in the management of the Unified Health System's policies. The presence of stigma on people with mental disorders is one of these elements that have negative effects on the daily lives of users and family members, given their repercussions for access and health care. Despite several studies showing these harmful consequences, the field of mental health, especially in Brazil, does not seem to explore in a more emphatic way the repercussions of the stigmatization process, its specificities and effects for the Psychosocial Care Network. Considering the relevance of the phenomenon, this research aimed to understand the psychosocial processes and conditions that contribute to the persistence of stigma in the daily lives of people with mental disorders, and their families. We used the framework of qualitative research with semi-structured interviews and document analysis for the construction of information. The issue was addressed through the experiences of users and family members participating in the Cearense Forum of Luta Anti-Asylum, a social movement that fights for the dignity of mental health care in public health policy and seeks to combat the stigmas surrounding mental disorders in the city of Fortaleza. Professionals articulating mental health services were also included and we selected some documents such as the Municipal Health Plan and posts from FCLA social networks as important elements in understanding the local situation. The method of analysis of the information was the Hermeneutics-Dialectic, which guided the interpretation of the texts in this process. The results indicate that, in the experience of users and family members, stigma on mental disorders is a persistent factor, despite the efforts produced during the period in which Brazil adopted the insertion of the ideas of the Brazilian Psychiatric Reform Movement and the Anti-Asylum Movement in the construction of their policies. Overcoming stigma is achieved, by some subjects, as a result of the production of expanded care, which, despite the current setbacks and precariousness of mental health services, instigate the consideration of users as political subjects and produce engagement in control actions social and cultural actions in anti-asylum militancy. However, these efforts are still insufficient, indicating that, although there are conditions that favor the fight against stigma, there is a need to expand actions and policies that directly address the problem of stigmatization. Encouraging the expansion and creation of more Community Centers, promoting the contact of users of the mental health network through art and culture, the resumption of investments in Clinical and Institutional Supervision in the qualification of care, are some concrete actions that can collaborate in the transformation of this setting. Keywords: Social Stigma. Psychiatric Reform. Mental Health. Collective Health.

Tipo do Trabalho:
Tese

Referência:
Pires, Ronaldo Rodrigues. A persistência do estigma sobre os transtornos mentais na experiência de usuários e familiares do movimento antimanicomial. 2021. 157 f. Tese (Doutorado em 2021) - Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2021. Disponível em: Acesso em: 13 de maio de 2024

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