A Apropriação Capitalista da Natureza e os Conflitos pela Água no Território do Cumbe (Aracati/CE): Lutar e Resistir por um Bem Comum
Autor(es):
Castro, Ariel Rocha Nobrega De
Palavras Chaves:
Água; Bem Comum; Apropriação Capitalista; Conflitos e Resistências pela Água; Cumbe
Ano de Publicação:
2022
Resumo:
A apropriação capitalista da natureza, por conseguinte, a transformação desta em recurso e mercadoria, diversas vezes, leva ao surgimento de injustiças ambientais e a eclosão de conflitos socioambientais, principalmente em territórios tradicionais, onde aquela é vista como um bem comum. A comunidade Quilombola do Cumbe, em Aracati/CE, é um dos territórios tradicionais que foram afetados por esta apropriação capitalista da natureza, neste caso a terra e a água do território foram transformadas em recurso e mercadoria, gerando diversos impactos ambientais, e afetando consideravelmente o acesso dos quilombolas à água. O objetivo geral da nossa dissertação foi: compreender como a forma capitalista de se relacionar com a natureza e a água - como parte integrante desta - influenciou e gerou conflitos pela água no território do Cumbe, e quais resistências emergiram deste contexto. Nossos objetivos específicos foram: compreender como a apropriação capitalista da natureza e da água corrobora para a diminuição do acesso à água no território estudado; investigar como historicamente o Estado contribui para uma apropriação capitalista da natureza e como isso influência no território do Cumbe; conhecer a relação histórico-social e ambiental da Comunidade Quilombola do Cumbe com a água; identificar os conflitos e as resistências associados à água no território estudado. Para a construção da dissertação consultamos diversos trabalhos científicos, dentre eles: livros, artigos, monografias, dissertações e teses sobre os principais conceitos, categorias e assuntos trabalhados, para termos um arcabouço teórico que nos auxiliasse a ler a realidade; e realizamos diversos trabalhos de campo para vivenciar a comunidade, dialogar com os sujeitos sociais, efetuar entrevistas, participar de eventos e atividades, mediar a oficina de cartografia social, fazer coleta da água dos poços dos quilombolas com a finalidade de análise química etc., e assim melhor compreender a realidade local. Observamos que: a apropriação capitalista da terra e da água do Cumbe, principalmente, pela CAGECE, carcinicultura, e empresa eólica, permitiu a privatização, a poluição, o cercamento e a diminuição do volume de água de diversos mananciais do território, diminuindo o acesso dos quilombolas à água. O Estado tem contribuído para a manutenção do poder da classe dominante e, com o advento do capitalismo, vem contribuindo com a reprodução do capital, e consequentemente, com apropriação capitalista da natureza, facilitando-a no território quilombola do Cumbe. Os quilombolas do Cumbe enxergam e se relacionam com a água do seu território como um bem comum, água esta necessária tanto para a sobrevivência daqueles no território, quanto para a manutenção de seus costumes, vivências e identidade; por fim, constatamos que a apropriação capitalista da água e da terra do Cumbe gerou diversos tipos de conflitos pelo acesso às águas, desde os relacionados à sua poluição, até conflitos gerados pelo desaparecimento de mananciais. Logo, é urgente tratarmos os bens naturais como bens comuns, pois isso impediria a apropriação capitalista destes, proporcionando uma utilização que priorizaria a manutenção desses bens e proporcionaria o acesso a todos, diminuindo assim os casos de injustiça ambiental.
Abstract:
The capitalist appropriation of nature, therefore, its transformation into a resource and a commodity, several times, leads to the emergence of environmental injustices, and the eclosion of socio-environmental conflicts, especially in traditional territories, where it is seen as a common good. The Quilombola Community of Cumbe, in Aracati/CE, is one of the traditional territories that were affected by this capitalist appropriation of nature, in this case, the land and water of the territory were transformed into a resource and a commodity, generating several environmental impacts, and considerably affecting the access of quilombolas people to water. The general objective of our dissertation was: to understand how the capitalist way of relate to nature and water - as an integral part of it - influenced and generated conflicts over water in the territory of Cumbe, and which resistances emerged from this context. Our specific objectives were: to understand how the capitalist appropriation of nature and water contributes to decrease the access to water in the studied territory; to investigate how historically the State contributes to a capitalist appropriation of nature and how this influences the territory of Cumbe; to know the historical, social and environmental relationship of the Quilombola Community of Cumbe with the water; to identify conflicts and resistances associated with water in the studied territory. For the construction of the dissertation, we consulted several scientific works, including: books, articles, monographs, dissertations and theses, about the main concepts, categories and subjects worked, in order to have a theoretical framework that would help us to read reality; and we peformed various fieldworks to experience the community, dialoguing with social subjects, conducting interviews, participating in events and activities, mediating the social mapping workshop, collecting water from quilombola wells, for the purpose of chemical analysis, etc., and thus better understand the local reality. We observed that: the capitalist appropriation of Cumbe's land and water, mainly by CAGECE, shrimp farming, and the wind company, allowed privatization, pollution, enclosuring, and the reduction of the water volume of several sources in the territory, reducing the access of quilombolas people to water; the State has contributed to the maintenance of the power of the ruling class and, with the advent of capitalism, it has been contributing to the reproduction of capital and, consequently, to the capitalist appropriation of nature, facilitating it in the quilombola territory of Cumbe; the quilombolas of Cumbe see and relate to the water in their territory as a common good, water that is necessary both for the survival of those in the territory and for the maintenance of their consuetude, experiences and identity; finally, we verified that the capitalist appropriation of water and land in Cumbe generated different types of conflicts for access to water, from those related to its pollution to conflicts generated by the disappearance of water sources. Therefore, it is urgent to manage natural goods as common goods, as this would prevent their capitalist appropriation, providing a use that would prioritize the maintenance of these goods and provide access to all, thus reducing cases of environmental injustice.
Tipo do Trabalho:
Dissertação
Referência:
Castro, Ariel Rocha Nobrega De. A Apropriação Capitalista da Natureza e os Conflitos pela Água no Território do Cumbe (Aracati/CE): Lutar e Resistir por um Bem Comum. 2021. 309 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico ou Profissional em 2021) - Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2021. Disponível em: Acesso em: 22 de março de 2025
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